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Políticas de proteção às florestas impactam positivamente na vida de todos
Luciana Console

Luciana Console

Jornalista da Fundação 1º de Maio

Políticas de proteção às florestas impactam positivamente na vida de todos
Equilíbrio da biodiversidade é responsável por regular a temperatura e controlar a disseminação de novas doenças

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil é composto pelos biomas Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pampa e Pantanal, abrigando cerca de 20% de toda a biodiversidade mundial. Só a Floresta Amazônica é considerada a maior reserva biológica do planeta, com cerca de metade de todas as espécies vivas do mundo, já a Mata Atlântica é composta por recursos hídricos que abastecem 70% da população nacional. O Cerrado brasileiro também não fica atrás, sendo considerado a savana com maior biodiversidade do planeta. 

Porém, a cada ano, toda essa biodiversidade, responsável pelo equilíbrio do ecossistema do planeta, vem sofrendo graves ameaças, como a intensificação do desmatamento que, associado às mudanças climáticas, agravam o quadro de destruição.  

O surgimento de doenças, como a própria COVID-19, também se deve ao fator de desequilíbrio do meio ambiente causado pelo homem, é o que alerta María Neira, médica e diretora de Saúde Pública e Meio Ambiente da Organização Mundial da Saúde (OMS). Para ela, governos e indivíduos precisam compreender que questões ambientais são um problema de saúde pública. Dados de um estudo da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) apontam que, desde 1940, 31% dos surtos de doenças emergentes e zoonóticas, como o vírus da Zika, do Ebola e do novo coronavírus estão conectados com a mudança do uso do solo, principalmente nas florestas tropicais. 

Políticas públicas ambientais existem, mas aplicação não é ampla

As primeiras ações governamentais de preservação ambiental no Brasil se iniciaram na década de 30 com a criação do primeiro Código Florestal Brasileiro com objetivo de regulamentar e preservar o uso da terra. Na década de 60, o código foi reestruturado e contou com a criação das Áreas de Proteção Permanente (APPs). 

Outros órgãos de proteção ambiental foram criados nos anos 80 como o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). 

No entanto, a política ambiental do ex-ministro Ricardo Salles, exonerado do governo em junho deste ano, não ajudou a reverter o quadro. A gestão foi conhecida por “passar a boiada” por cima das leis ambientais e em benefício ao agronegócio e à mineração.

A saída de Salles também não significou uma melhora na situação. Uma das últimas ações do governo sobre o tema foi a extinção do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que divulgava alertas sobre incêndios e queimadas em todo o país, sendo uma ferramenta crucial de orientação no combate às chamas. 

O desmatamento também conta com dados alarmantes. Segundo informações do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) obtidos via Sistema de Alerta do Desmatamento (SAD), os alertas de desmatamento na Amazônia Legal foram recordes para os meses de março, abril e maio de 2021, com 810 km² do território afetado. A informação indica que houve aumento de 216% da área em relação ao mesmo período do ano anterior e o maior valor dos últimos 10 anos. 

Floresta é vida

Estimativas da organização SOS Amazônia indicam que o bioma amazônico coloca na atmosfera cerca de 20 bilhões de toneladas de água em um único dia, formando os chamados “rios voadores”, de suma importância para as chuvas e manutenção de rios e lagos em diversas partes do país. 

Além disso, as florestas, como a Amazônia e a Mata Atlântica, também cumprem o papel de equilibrar a quantidade de oxigênio do ar e diminuir o impacto do efeito estufa. A manutenção do solo também é outro dos papéis das florestas, com a diminuição da erosão e a produção de matéria orgânica, tornando o solo vivo e propício para a agricultura.