De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil é composto pelos biomas Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pampa e Pantanal, abrigando cerca de 20% de toda a biodiversidade mundial. Só a Floresta Amazônica é considerada a maior reserva biológica do planeta, com cerca de metade de todas as espécies vivas do mundo, já a Mata Atlântica é composta por recursos hídricos que abastecem 70% da população nacional. O Cerrado brasileiro também não fica atrás, sendo considerado a savana com maior biodiversidade do planeta.
Porém, a cada ano, toda essa biodiversidade, responsável pelo equilíbrio do ecossistema do planeta, vem sofrendo graves ameaças, como a intensificação do desmatamento que, associado às mudanças climáticas, agravam o quadro de destruição.
O surgimento de doenças, como a própria COVID-19, também se deve ao fator de desequilíbrio do meio ambiente causado pelo homem, é o que alerta María Neira, médica e diretora de Saúde Pública e Meio Ambiente da Organização Mundial da Saúde (OMS). Para ela, governos e indivíduos precisam compreender que questões ambientais são um problema de saúde pública. Dados de um estudo da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) apontam que, desde 1940, 31% dos surtos de doenças emergentes e zoonóticas, como o vírus da Zika, do Ebola e do novo coronavírus estão conectados com a mudança do uso do solo, principalmente nas florestas tropicais.
Políticas públicas ambientais existem, mas aplicação não é ampla
As primeiras ações governamentais de preservação ambiental no Brasil se iniciaram na década de 30 com a criação do primeiro Código Florestal Brasileiro com objetivo de regulamentar e preservar o uso da terra. Na década de 60, o código foi reestruturado e contou com a criação das Áreas de Proteção Permanente (APPs).
Outros órgãos de proteção ambiental foram criados nos anos 80 como o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).
No entanto, a política ambiental do ex-ministro Ricardo Salles, exonerado do governo em junho deste ano, não ajudou a reverter o quadro. A gestão foi conhecida por “passar a boiada” por cima das leis ambientais e em benefício ao agronegócio e à mineração.
A saída de Salles também não significou uma melhora na situação. Uma das últimas ações do governo sobre o tema foi a extinção do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que divulgava alertas sobre incêndios e queimadas em todo o país, sendo uma ferramenta crucial de orientação no combate às chamas.
O desmatamento também conta com dados alarmantes. Segundo informações do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) obtidos via Sistema de Alerta do Desmatamento (SAD), os alertas de desmatamento na Amazônia Legal foram recordes para os meses de março, abril e maio de 2021, com 810 km² do território afetado. A informação indica que houve aumento de 216% da área em relação ao mesmo período do ano anterior e o maior valor dos últimos 10 anos.
Floresta é vida
Estimativas da organização SOS Amazônia indicam que o bioma amazônico coloca na atmosfera cerca de 20 bilhões de toneladas de água em um único dia, formando os chamados “rios voadores”, de suma importância para as chuvas e manutenção de rios e lagos em diversas partes do país.
Além disso, as florestas, como a Amazônia e a Mata Atlântica, também cumprem o papel de equilibrar a quantidade de oxigênio do ar e diminuir o impacto do efeito estufa. A manutenção do solo também é outro dos papéis das florestas, com a diminuição da erosão e a produção de matéria orgânica, tornando o solo vivo e propício para a agricultura.