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Discriminação racial na política: como enfrentar e transformar essa realidade?
Beatriz Gonçalves

Beatriz Gonçalves

Estagiária da Fundação 1º de Maio

Discriminação racial na política: como enfrentar e transformar essa realidade?
Assim, é necessário não apenas não ser racista, mas ser um antirracista consciente do seu papel transformador na sociedade. Para dessa forma impactar de forma positiva o nosso país.

De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as últimas eleições de 2020 obtiveram um recorde de candidaturas pretas e pardas, alcançando uma porcentagem de 51%, mais da metade do total de candidaturas lançadas.

Mesmo com a evolução nas candidaturas negras, a maioria do congresso ainda é de etnia-branca, não contemplando grande parte da população brasileira, que em sua maioria é preta ou parda. Entre os deputados federais, apenas 24% são pretos e pardos, enquanto 75,6 % são brancos.

Racismo histórico

Em 1870 a Constituição brasileira determinava que apenas homens adultos, com escolaridade comprovada e renda mínima definida poderiam votar. Norma que excluía a população preta, pobre e principalmente mulheres.

Apenas em 1891 eliminou-se o critério de renda, mas manteve-se o de escolaridade. Foi por meio da promulgação da Constituição de 1934 que, pela primeira vez, grupos vulnerabilizados tiveram seus direitos reconhecidos.

Assim, o voto tornou-se um direito de todos, independente de raça ou gênero. Porém o critério de comprovação de escolaridade só foi revogado em 1988, excluindo assim, a maior parte da população negra.

Desigualdade racial

O Brasil vivênciou 400 anos de escravidão e, mesmo após aboli-lá ainda é possível enxergar as consequências em diferentes grupos da nossa sociedade. Não restam dúvidas de que a desigualdade racial vinda do racismo estrutural é um reflexo histórico e político ligado à colonização do país.

Uma das principais consequências da discriminação racial é a exclusão social de espaços e direitos básicos que deveriam ser de todos. Essa exclusão também ocorre na ocupação de cargos de liderança e, principalmente, na política brasileira.

Os direitos já conquistados representam um grande avanço para a população preta e parda no país, mas ainda não são suficientes para equilibrar e gerar a equidade que as minorias precisam para efetivamente serem incluídas na sociedade.

A importância da representatividade

Para enfrentar a discriminação racial é fundamental que a população preta e parda se integre e consiga participar das tomadas de decisões. A representatividade é de total importância para a criação de políticas públicas efetivas, ações afirmativas e elaboração de pautas que realmente permitam a reivindicação de direitos às minorias atingidas pelo contexto histórico.

Como mudar esse cenário?

Para o Brasil caminhar de fato para uma democracia plural, colorida e igualitária é necessário que toda a sociedade tome consciência do seu comportamento individual, busque informação e elimine estereótipos enraizados.

Ou seja, é necessário não apenas não ser racista, mas ser um antirracista consciente do seu papel transformador na sociedade. Para dessa forma impactar de forma positiva o nosso país.