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Votar corretamente é manter viva a democracia brasileira
Guilherme M. Martinelli

Guilherme M. Martinelli

Diretor executivo da Fundação 1º de Maio

Votar corretamente é manter viva a democracia brasileira
No dia 30 de outubro faço um apelo para que você escolha com sabedoria, empatia com a população mais vulnerável e que sobretudo, não se esqueça da importância da democracia para a construção de uma sociedade saudável, mais igualitária, solidária e justa para todos nós

Vivemos em uma sociedade rica, diversa e, consequentemente, complexa desde suas raízes. Marcada por divergências ideológicas, desigualdade, e por uma democracia que caminha para o amadurecimento. 

Apesar da constante discordância, a democracia é o regime que mais se adequa às necessidades e interesses dos cidadãos brasileiros. Sua estrutura é representativa, baseada na coletividade, pluralidade e , principalmente, na soberania popular

No sistema democrátivo o poder emana do povo, possibilita aos cidadãos que se envolvam e participem ativamente da tomada de decisões, além de promover direitos e deveres. Um deles, e, talvez, o  fundamental, é o exercício do voto, que garante uma participação efetiva na escolha dos representantes para o país. 

Mas se a sociedade brasileira é tão diversa, por que quando olhamos para o parlamento nossos representantes não condizem com o perfil da nossa população? 

Representatividade

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2019, 42,7% dos brasileiros se declararam brancos, mais de 46% pardos, 10% como pretos e 2% como amarelos ou indígenas. Isto é, mais da metade da população se identifica como negra e ainda assim sofre com a desproporcionalidade de representação nos espaços de liderança política. 

Após o primeiro turno das eleições gerais de 2022, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou um crescimento de 18%, comparado a 2018, de deputadas federais mulheres eleitas. Quanto aos deputados e deputadas pretos e pardos, registou-se um crescimento de 9% em relação às últimas eleições. Veja a progressão abaixo:

Mesmo com esse crescimento, ainda estamos longe de alcançar uma representatividade proporcional  à verdadeira realidade do povo brasileiro.

Brasil de volta ao mapa da fome 

De acordo com a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia), em 2022, mais de 33 milhões de brasileiros não têm o que comer e mais da metade da população brasileira (58,7%) sofre com insegurança alimentar.

Quando comparamos os índices em lares que os chefes de família se autodeclaram pretos ou pardos, o 1º Inquérito Nacional da Rede PENSSAN, de 2020, mostra que a fome salta de 10,4% para 18,1% nesses domicílios. 

Nosso país retrocedeu consideravelmente nesses últimos anos, são milhões de brasileiros passando fome, com destaque para regiões Norte, Nordeste e para a população preta e parda que têm os maiores índices. A grande questão é que para mudar essa situação é necessário eleger representantes comprometidos com essa pauta e o combate às desigualdades.

O exercício do voto para a transformação social

Durante o primeiro turno das eleições mais de 32 milhões de pessoas não compareceram às urnas para votação, mais de 20% se abstiveram, mais de 2% anularam o voto e 2% votaram branco. Essa grande ausência de eleitores poderiam ter contribuído para fortalecer a estrutura democrática e aumentado  significativamente a representatividade no parlamento. 

Votar é ter voz, exercer cidadania e participar da manutenção da democracia do nosso país, fortalecendo suas instituições, liberdade e justiça. Para que isso se concretize, é necessário eleger um candidato que lute pela democracia, respeite a liberdade de informação e os profissionais da imprensa, a ciência, às instituições jurídicas e que sua prioridade seja buscar soluções para os mais necessitados: Como a fome, que hoje cresce  incessantemente

Nesta reta final das eleições, tivemos a oportunidade de acompanhar uma série de debates, analisar cada proposta com o cuidado e escolher o candidato que mais está alinhado com nossos interesses e desejos para o futuro do país.

No dia 30 de outubro faço um apelo para que você escolha com sabedoria, empatia com a população mais vulnerável e que sobretudo, não se esqueça da importância da democracia para a construção de uma sociedade saudável, mais igualitária, solidária e justa para todos nós