Nas eleições municipais de 2024, foram eleitos em todo o Brasil 26.789 vereadores negros em todo o Brasil e o número chega a 45,8% do total de parlamentares, um aumento de 2% em relação a 2020, quando o número era 26.003 vereadores eleitos. Os negros ainda representaram a maior parte das candidaturas em 2024 (52%), mas segundo um levantamento do Inesc em parceria com o TSE, a maioria das candidaturas e eleitos para os cargos de prefeito ainda é branca.
Apesar dessa porcentagem em termos de participação ter aumentado, ainda há um grande desafio para a representatividade negra na política, já que somos 112,7 milhões de brasileiros, contando 45,3% de pardos e 10,2% de pretos, segundo o Censo 2022 do IBGE.
Um fato curioso: foi a primeira vez que desde 1991 o grupo de pardos predominou e a população parda superou a branca, algo que não acontecia desde 1872, o que mostra que as pessoas têm cada vez mais se autodeclarando negras; isso é muito positivo para o combate ao racismo, pois aponta um movimento de reconhecimento étnico-racial suscitado pelo aumento do debate público sobre essas questões.
É realmente importante celebramos o Dia da Consciência Negra?
Por conta desse movimento positivo, é tão importante falarmos sobre o Dia da Consciência Negra, que pela primeira vez será um feriado nacional. Aos que ainda não conseguem perceber a relevância desta data, basta os lembrarmos que o Brasil foi construído pelo suor e sangue do povo negro, castigado por mais de três séculos de escravidão. Ou seja, mais da metade da nossa história em 524 anos da chegada dos portugueses ao Brasil foi vivida debaixo de servidão e com muito sofrimento. E, para além das lutas, o dia 20 de novembro é importante celebrarmos a rica cultura negra em nosso país, que formou nossa identidade nacional.
Embora sejam observados avanços, lideranças negras continuam a enfrentar barreiras como racismo estrutural, falta de financiamento adequado e até violência, o que afeta sua trajetória eleitoral e chances de sucesso. De acordo com a pesquisa Violência Política e Eleitoral no Brasil, desenvolvida pelas organizações sociais Terra de Direitos e Justiça Global, houve uma forte tendência de crescimento de violência política no país.
Candidatos negros são frequentemente alvo de ataques raciais e ameaças que impactam diretamente suas campanhas e a confiança do eleitorado. Em 23,7% dos casos de violência política foram os homens negros as vítimas (71 casos). Mulheres negras cisgêneras e transexuais foram alvo de 63 casos, totalizando 21% dos casos, o que é preocupante, se considerarmos a baixa representação de mulheres negras em cargos eletivos.
O que pode ser feito para reverter o racismo na política?
O Solidariedade tem trabalhado para mitigar essas barreiras com iniciativas de capacitação e apoio a candidatos negros e negras, visando promover um ambiente político mais inclusivo e representativo. Entre as ações, destacam-se cursos de formação, eventos e políticas de incentivo que ajudam a preparar e fortalecer essas candidaturas, com o objetivo de transformar a realidade de suas comunidades e diminuir o abismo de representatividade.
Um fato positivo é que, dos 1.405 eleitos pelo Solidariedade, 768 são de pretos e pardos, ou seja, 54% dos eleitos do Solidariedade são lideranças negras; ainda, no partido, em 2024, 57% das candidaturas foi de pretos e pardos, um passo enorme à maior representatividade negra na política e sociedade brasileira.
A inclusão de lideranças negras no cenário político não é apenas uma questão de representatividade, mas de justiça social, pois possibilita que as vozes de diferentes comunidades sejam ouvidas em esferas de poder, trazendo soluções reais para problemas enfrentados pela população. Essa luta, porém, precisa de maior apoio e recursos para que seja realmente eficaz, e o trabalho de organizações e partidos, como o Solidariedade, é fundamental para sustentar e promover esses avanços.