No Brasil, vivemos uma cultura política onde os parâmetros das tendências ideológicas sempre foram fluídos. Falar em ser de direita ou esquerda nunca foi uma definição segura para quem o define. Podemos fazer uma exceção na história com os partidos Comunistas, na época o antigo PCB e hoje o ainda PCdoB. Fora esses, que explicitavam suas políticas de aliança como táticas para alcançar seus objetivos estratégicos, os outros partidos considerados de esquerda não apresentam à sociedade, de forma clara, suas propostas programáticas de forma que, nas oportunidades que o poder ofereceu, pouco se percebeu de diferente numa gestão dita de centro e/ou de esquerda, neles se confundem a prática fisiológica de acomodações no poder.
A derrocada política e histórica do Socialismo real no mundo, trouxe uma grande desilusão com os paradigmas referentes às ideologias utópicas do século passado. O Socialismo real permaneceu como “farsa” em poucos países no mundo, e em conformidade com o ditado popular “antes perder anéis do que os dedos”, vimos a China mesclar autoritarismo, economia de mercado e capitalismo de Estado. Sucesso? Não sei até quando?
Em um mundo cada vez mais globalizado, por conta da regularidade científica do materialismo histórico que imprime sua identidade a cada momento da história, vemos que estamos em direção de um Estado com suas fronteiras cada vez mais flexíveis, e com isso lhes proporcionando vantagens e desvantagens e quanto à essa, um surto de imigração de pessoas, de várias partes do mundo, em busca de melhores condições de vida. A partir destes “signos do tempo” estamos encontrando reações conservadoras e muitas vezes reacionárias, contra as mudanças transformadoras da globalização, que tem na tecnologia da informação um dos seus maiores frutos.
Esses reacionários contra evolucionistas, neste momento usando das mesmas ferramentas da globalização, disseminam suas ideias fundamentalistas apoiadas, como não poderia deixar de ser, em fundamentos de um Estado Nacional autoritário, antiglobalização, negacionistas contra os ideários iluministas, origem de tudo pelo qual chegamos aonde chegamos. Daí não ser surpresa, entre esses grupos afirmarem ser a terra plana, de que o homem nunca pisou na lua, assim como não ser verdade que o clima na terra está mudando por intervenção negativa do homem. Como nos estertores da idade média, vem surgindo divulgação de ideias conspirativas da história como a dos illuminati e de que o holocausto nazista nunca existiu.
O que isso tem a ver conosco brasileiros?
Dado nossos costumes um tanto híbridos, culturalmente sem tantas definições dos limites das certezas e incertezas, nos oportuniza adequarmos uma ideologia pragmática respeitosa com as diferenças. Respeitosa não por questão moral, mas por respeito à ontogênese do real, que segundo Edgard Morin, é resultado de forças complementares, concorrentes e antagônicas. Portanto, nesse caldeirão de ideias e comportamentos chamado Brasil, temos que criar uma tessitura do real a partir de uma referência que dê liga para este tecido social civilizatório.
A nosso ver, o partido Solidariedade – que tem em seu nome sua vocação histórica, embasada numa ideologia humanista, alicerçado no paradigma do pensamento sistêmico como pedra angular de suas práxis política, e que coloca o homem com sua consciência, como fiador do tecido social em busca do permanente bem-estar comum – deve cumprir seu desiderato em favor de uma prática política no parlamento em prol de propostas que deem ancoragem aos reforços da democracia como ferramenta estratégica para a luta de igualdade de oportunidades em nosso meio.
Nesse sentido, o Solidariedade, por meio de seus dirigentes, tem tomado decisões ancoradas na firmeza de seu Programa de forma que, nos últimos meses, vimos a direção do partido se posicionando nos embates parlamentares em favor das melhores alternativas em defesa do fortalecimento do Estado Democrático brasileiro.
Para as forças negacionistas que, por ora, se organizam em nosso país, devemos deixar suas esdrúxulas propostas antidemocráticas, sustentadas nos valores do Bolsonarismo, para o lixo da história.