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A reforma do ensino médio
Giovanna Yule

Giovanna Yule

Diretora de planejamento estratégico da Fundação 1º de Maio e secretária nacional da Juventude do Solidariedade

A reforma do ensino médio
Sede do Ministério da Educação no Distrito Federal.

A reforma do ensino médio, iniciada em 2016 por medida provisória e aprovada como lei (Lei nº 13.415/2017), teve como principal motivação tornar a educação mais adequada às necessidades dos estudantes, acompanhar o mundo que está em constante mudanças e oferecer mais flexibilidade e autonomia para os alunos. Pela nova regra a adaptação das escolas começaria a partir de 2018 de forma gradativa.

Baseada em um modelo de aprendizagem por áreas de conhecimento, o novo ensino médio em tese permitiria o jovem optar por uma formação mais técnica e profissionalizante, uma política educacional e curricular direcionada a atender a lógica do mercado de trabalho do mundo globalizado.

Uma das mudanças objetiva ampliar a jornada escolar e promover a formação integral com carga horária de no mínimo 35 horas por semana ao longo dos três anos, e a possibilidade de os estudantes escolherem parte das disciplinas que querem cursar.

​Na estrutura prevista pela reforma, até 1.800 horas da carga horária são destinadas para as disciplinas obrigatórias da Base Nacional Comum Curricular que contemplem habilidades e competências relacionadas às quatro áreas do conhecimento. São elas: matemática, Linguagens, Ciências da Natureza, Ciências Humanas. E, no mínimo, 1.200 horas para os itinerários formativos para o ensino técnico, que serão flexíveis e ficarão reservados para a Formação Técnica e Profissional.

O objetivo da reforma é a de oferecer também um projeto de vida e profissional para os estudantes, incluindo reflexões sobre seus interesses e metas futuras, a fim de ajudar decisões sobre suas carreiras. Mas na prática, a educação ainda sofre para proporcionar as disciplinas obrigatórias. Ainda, por vezes, os estudantes relatam falta de vagas nos itinerários escolhidos e são obrigados a cursarem outros itinerários diferentes da sua pretensão profissional. A diminuição da carga horária das disciplinas básicas, problemas de infraestrutura nas escolas, falta de professores, falta de capacitação de profissionais também são outros problemas apontados por especialistas e estudantes.

​​Os estados e Distrito Federal também passaram a ter responsabilidade de adaptar e implementar as diretrizes estabelecidas pelo MEC (Ministério da Educação), para atender às realidades locais. Contudo, o cronograma do novo ensino médio foi prejudicado pela pandemia e sofreu atraso, passando a ser implementado só no ano de 2022 com os alunos das 1° séries; em 2023, foi implantado na 1° e 2° séries e, em 2024, será no 1°, 2° e 3° séries.  A partir daí, o Enem passará a considerar o novo sistema com as disciplinas básicas e as áreas específicas de interesse do aluno.

Em abril de 2023, diante das críticas, o MEC fez uma consulta pública por meio da portaria número 399 para ouvir os estudantes e pesquisadores especialistas em educação e, por isso, suspenderam por 60 dias o cronograma nacional de implementação do novo ensino médio para analisar o que precisa ser mudado no projeto.

Embora o novo modelo apresente problemas, sua revogação seria um retrocesso em avanços já obtidos; reajustes são necessários em qualquer projeto. A partir desse debate amplo, o governo poderá tomar decisões sobre o novo ensino médio.

No mês de agosto, o MEC divulgou o sumário com os principais resultados da consulta pública; o documento foi dividido em 12 núcleos apresentando os principais aspectos da consulta, como: formação dos professores, cargas horárias, Enem, infraestrutura, educação a distância entre outros. De acordo com o ministro da Educação, Camilo Santana, a atual gestão do MEC tem buscado corrigir e aperfeiçoar a melhoria do ensino médio. O ministro entregou os resultados para apreciação do Congresso Nacional, para que possam contribuir com o relatório final.