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Educação política dos brasileiros: uma necessidade e não uma opção!
Guilherme M. Martinelli

Guilherme M. Martinelli

Diretor executivo da Fundação 1º de Maio

Artigo publicado pelo jornal Estadão

Chegamos a mais um ano de eleições e seguimos com uma grande divisão entre os brasileiros. Muitos já escolheram seus candidatos, outros ainda estão indecisos e há aqueles que ainda não pensaram nisso e só lembrarão desta oportunidade, ou fardo, em meados de outubro. O fato é que, em breve, teremos novos representantes nos governos e na presidência de nosso país.

Independentemente dos eleitos, será impossível agradar a todos. Essa é a natureza da democracia, ainda mais num país tão ideologicamente polarizado como o nosso. Ela, no entanto, pressupõe que as pessoas façam suas escolhas baseadas nas melhores opções, procurando os candidatos mais técnicos e/ou mais preparados para assumir o cargo eletivo, o que nem sempre acontece, não importa com que parte do espectro político o eleitor se identifique.

A questão é que quando entendemos o papel da política em nossa vida e em toda a sociedade fica mais fácil escolher líderes que nos representem e, assim, saímos mais satisfeitos e esperançosos de melhora após o resultado das urnas. Entretanto, em uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), feita em 137 municípios de 25 estados nas cinco regiões do Brasil, em 2020, 21,7% das pessoas ouvidas disseram ter baixo interesse por política e um número expressivo, 31,6%, afirmaram que não tem nenhum interesse.

Esses dados são assustadores, já que mostram o desinteresse dos brasileiros em participar ativamente do processo democrático. Os temas discutidos no Senado Federal são, ou deveriam ser, de interesse de toda a nação, no entanto, apenas 29% dos brasileiros acompanham essas notícias com muita frequência enquanto 55% acompanham com pouca frequência. É o que revela a última edição da pesquisa “O Cidadão e o Senado Federal”, realizada pelo DataSenado.

Além disso, para 67% dos brasileiros, a democracia é a melhor forma de governo. Apesar disso, quando questionados sobre o atual nível de satisfação com esse regime político, 87% consideram-se pouco ou nada satisfeitos. A forte desigualdade social foi apontada pelos eleitores como obstáculo à plena democracia.

Se continuarmos assim, descontentes porém sem procurar formas ativas de melhorar nossa democracia não avançaremos rumo a um país melhor. São as nossas ações, inclusive, nossa participação no processo político que garante mudanças importantes em diversos temas essenciais, como aa saúde, da educação e saneamento básico, por exemplo. Entretanto, só existe um caminho para aplacar essas dores, que passa pela ação política e gestão pública feita de maneira adequada e eficiente. 

Para isso, é preciso estimular o povo brasileiro, mostrando a importância de conhecer os candidatos, suas propostas e que a participação política não encerra-se caso seu candidato seja eleito. É importante promover capacitação e educação política, de modo que as pessoas possam votar, tendo como base critérios mais adequados. É necessário que elas saibam que sua participação na política vai muito além do dia do voto. Não basta apenas fazer uma escolha assertiva, mas é mandatório acompanhar e fiscalizar as ações de seus representantes. Pergunto-me, se nós somos educados para tudo, para viver em sociedade, para desempenhar nosso trabalho, por que não nos educamos para entender a realidade da política e como ela transpassa nossas vidas?

Uma boa formação política no Brasil precisa ir além das salas de aula de nossas crianças e adolescentes. Ela precisa ser eficaz e que desempenhe seu papel maior:  orientar o cidadão a tomar consciência dos problemas locais e participar da transformação do lugar onde vive. 

Buscar informação e se interessar por alguns assuntos que estão dentro deste universo da política é o primeiro passo  para ter cidadãos mais conscientes e engajados. Afinal, a participação a de todos é determinante para melhorar a qualidade da nossa democracia e a forma como se faz política em nosso país.

Logo estaremos diante das urnas e o que mais quero é que o país esteja nas mãos de pessoas que representem com propriedade a mim e a você. Não dá para esperar até outubro, ou de outubro em outubro – a cada quatro anos – para pensar em tudo isso. O meu pedido hoje é que você não abra mão da sua participação na política e não entregue o destino do país nas mãos de outras pessoas.

Para fazer um Brasil melhor e uma democracia mais forte capacitar nossos agentes políticos e a nossa população é essencial!