Há mais de uma década me inclino para prestar assistência social às pessoas em situação de rua, às periferias e aos desempregados. O desemprego é uma realidade no nosso país, principalmente em São Paulo, que recebe inúmeros migrantes e imigrantes que acabam encontrando dificuldades quando chegam na cidade, pois o alto custo de vida e a geografia local, acabam por levá-los aos extremos da cidade, onde a oferta de empregabilidade é menor e o acesso ao centro, somado à complexa locomoção por transporte público aos novos residentes da capital, acaba por dificultar a busca deles por uma oportunidade.
Trabalhando tanto tempo com este público, vi que posso dividi-los em dois grupos: os que possuem alguma formação superior e os que apenas concluíram o colégio ou não.
Aqueles que cursaram uma universidade, enfrentam problemas porque tentam ingressar no mercado na sua área de especialização e quando não conseguem ou não se firmam nela, evitam se candidatar a outros ofícios.
Já o outro grupo, por não ter formação superior, procura vagas mais populares, contudo elas estão disponíveis em logradouros mais longínquos do que os que elas residem. Além da distância, estas pessoas não estão familiarizadas a realizar este tipo de busca na internet ou em jornais, apenas possuem o hábito de juntar dinheiro para a passagem do ônibus e do metrô e ir até o centro buscar novas oportunidades. Como o financeiro geralmente não é favorável, nem sempre elas podem se aventurar.
A partir disto nasceu o programa Emprego para Todos, onde eu crio grupos no WhatsApp e encaminho dezenas de vagas diariamente para estas pessoas que não estão habituadas a usar a internet. Assim elas só precisam ver quais as interessam, fazendo com que a dificuldade em realizar buscas online não se torne um empecilho e nem os recursos limitados para se locomover pela metrópole.
Contudo, com o passar do tempo, muitos participantes começaram a me questionar o porquê de as empresas não retornarem o contato. Comecei investigando quais seriam as vagas em questão, posteriormente passei a solicitar o currículo dos candidatos, e então, em ambas as situações, pude perceber falhas que felizmente colaboraram para o amadurecimento do projeto.
A globalização caminha a passos largos e hoje, assim como e-mail, o WhatsApp se tornou uma ferramenta que facilita a comunicação entre empresas e/ou indivíduos. Com isso, muitos negócios permitiram que pessoas se candidatassem às vagas por meio do WhatsApp, inclusive para serviços mais populares.
Sendo assim, é necessário ter a ciência que ali você já está sendo avaliado. O recrutador irá visualizar sua foto de perfil, nome e recado, por isso é preciso utilizar recursos mais apresentáveis e evitar fotos segurando bebidas alcoólicas em festas ou situações similares.
O recado também pode influenciar na hora de escolher você, pois ali deixamos mensagens que refletem nossa personalidade e isto será avaliado pelo RH da empresa. Caso você deixe o seu contato deste aplicativo no currículo, eles também podem te contatar por ele, por essa razão as regras continuam se aplicando.
Ao receber os currículos, junto com voluntários, eu me propus a mexer neles para torná-los mais atraentes ao recrutador, visto que uma boa construção faz toda diferença, já que este documento é lido em menos de 1 minuto. A maioria das pessoas não sabem o que colocar de informação, o que é mais relevante e nem o que destacar. Às vezes acrescentam experiências irrelevantes, esquecem de adicionar cursos, portfólios, aptidões, entre outras coisas.
O surgimento do curso
Apesar de todo o projeto construído, lideranças comunitárias me relatavam que em suas regiões, muitas pessoas tinham dificuldade para mexer no WhatsApp e por isso preferiam manter o método tradicional de buscar empregos, entretanto ainda não sabiam ao certo como fazer e se apresentar. Tendo isso em mente, passaram a me convidar para palestrar sobre isso em suas comunidades e assim o fiz.
A primeira coisa foi entender a necessidade do público, com isso elaborei minhas palestras tendo em mente que eles precisavam ter ciência de como construir seu currículo, como trabalhar sua imagem, como se portar e o que deve ser tido em uma apresentação e em uma conversa com o entrevistador.
A partir destes pontos, o projeto seguiu se desenvolvendo e expandindo. Sigo recebendo convites para levá-los a diferentes redutos e cidades. Vale ressaltar que ao final dele, disponibilizamos um certificado com o nome do participante, o que poderá ser incluso no seu currículo ou te ajudar de outras formas, até na sua universidade.
Minha causa é lutar pelo meu povo e enquanto eu puder me desenvolver em benefício deles, assim farei!